Em jeito de resposta ao meu Caro leitor Henry.
Embora Nacionalista-Revolucionário (será que isto ainda existe???) que assim há-de morrer sempre gostei de ser senhor dos meus pensamentos. Isso afasta-me, frequentemente, de ortodoxias, conservadorismos, demagogias e sobretudo de hipocrisias.
Sei portanto que, em muitos aspectos, rompo com aspectos que camaradas meus tomam como axiomas (contra os quais nada tenho se tomados em estreitíssima ligação com uma condicente praxis e só neste caso).
Como em tudo na minha vida gosto, acima de tudo, de ser coerente. Não sou a favor do aborto, ninguém (bem formado...) o é, sou é a favor da não criminalização do mesmo, o que é diferente. Quantos católicos homens e mulheres (porque atenção esta não é uma questão só feminina, embora saiba que para muitos é mais cómodo pensá-la assim) já a ele recorreram embora hipocritamente se continuam a afirmar pelo Não? Todos os conhecemos no nosso dia a dia, mais ou menos beatos. Quantas jovens ou mulheres, fruto de um imprevisto (ou de um azar, porque sim, ocorrem pelos mais diversos factos), se viram a braços (muitas vezes ao darem a conhecer a sua gravidez de imediato abandonadas pelo galante namorado da véspera) com uma gravidez não desejada e não planeada. Será justo condená-la a ela à tarefa, sem qualquer apoio do Estado, com a estigmatização que ainda tal envolve, de criar essa criança que, na maior parte dos casos, cresceria sem um pai? Não é seguramente este o crescimento demográfico que desejo para o meu país e penso que os meus leitores também não.
Sou pois a favor do livre arbítrio que, em situações extremas, deve ser deixado para uma decisão (a dois ou mais frequentemente solitária) que, como sabem (ou pelo menos calculam), nunca é fácil.
Sou, naturalmente, a favor de melhor educação sexual para que, progressivamente, se possa contribuir para eliminar essas situações extremas
Sou contra preconceitos machistas, infelizmente profundamente enraizados na nossa sociedade, que assacam exclusivamente às mulheres a responsabilidade no sucedido. Já se terão dado conta que ao falar de aborto, ao condenar as mulheres que abortaram, sempre se exclui o elemento masculino? Como não sou cristão não acredito na imaculada concepção… faltaria pois um elemento nessa condenação, não acham?
Sou a favor de efectivos incentivos para todos aqueles que com responsabilidade queiram gerar filhos.
Sou a favor da discriminação positiva, quem tiver mais filhos deve ser recompensado e não o inverso, como hoje ocorre.
O General Franco (por quem não tenho aliás particular simpatia) utilizava frequentemente um provérbio apreendido em Marrocos enquanto comandante da Legião: “um homem é senhor dos seus pensamentos e escravo das suas palavras”, e para leitores inteligentes está tudo dito.