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terça-feira, 5 de abril de 2005

NOTAS SOLTAS III

NOVO BLOG – Surgiu um novo blog de um jovem camarada que vivamente vos aconselho, chama-se Velhos do Restelo - Ventos de Mudança Apesar de nos ligarem laços especiais, que não são chamados para o caso, vale a pena, garanto-vos! O link encontra-se na lista dos meus blogs “amigos”.

HOMENAGEM AO RODRIGO EMÍLIO – Como noticiado lá estive no Sábado na homenagem promovida pela minha S.H.I.P. ao amigo e camarada Rodrigo Emílio. Uma fantástica sessão, bem organizada e interessante. Uma tarde bem passada na companhia de camaradas de várias gerações, o que vale sempre a pena.

A PEDIDO DO GONÇALO CORDEIRO – Pediu-me o meu amável leitor Gonçalo Cordeiro que, sabendo das minhas posições religiosas, aqui comentasse a morte, no passado Sábado, do Papa João Paulo II.

É pois pedido aceite a que me não escuso.

1. Sou sempre grato a quem, sem ter obrigação de o fazer, demonstra sincera amizade por Portugal. Tal era o caso de Karol Wojtyla. Por esse facto os Portugueses lhe devem ser gratos.

2. Recordo, dos tempos da minha vida como estudante universitário numa faculdade (F.L.L.) ainda controlada pela UEC (que com a UJC, por esses anos, se haveria de transformar na JCP), a sua figura como associada ao movimento do sindicato Solidariedade e ao que haveria de ser o presidente Lech Walesa. Nesse movimento assumiu a Polónia, e estes seus nacionais, um papel fulcral na precipitação da quebra dos regimes comunistas de Leste. Por esse facto os Europeus lhe devem ser gratos.

3. Quem atravessou um quarto de século à frente dos destinos da Santa Sé, merece, por direito próprio, um lugar entre os estadistas temporais dos últimos dois séculos. Séculos conturbados e plenos de transformações onde, não raras vezes, o pontificado de João Paulo II marcou a história da humanidade. Por esse facto a humanidade lhe deve ser grata.

4. A nível pessoal a imagem do Papa inspirava-me inegável simpatia embora, não raras vezes, me situasse nos antípodas das suas afirmações.

5. Deste pontificado porém, eu que não sou católico, retenho um aspecto que, ao invés de muitos, o marca negativamente: os pedidos de desculpa papais (aos judeus, pelos excessos da Inquisição, etc.)

A Igreja tem uma história. Essa história foi fruto de conjunturas, essas conjunturas emanações das sociedades respectivas e sobre isso não há, nem deve haver, juízos de valor a fazer. A História deve ser estudada e entendida, não julgada. A pretensa superioridade moral de hoje poderá, amanhã, vir a ser condenada por outrem. Tal como o presente Papa condenou a actuação de seus antecessores outros poderão vir a condenar a sua (será apenas uma questão te tempos e conjunturas). E tal, obviamente, nada interessa à História.

Foi apenas uma lamentável actualização do “oferecer a outra face”, numa perspectiva filosófica que não perfilho. Se eu fosse católico só ficaria satisfeito quando os judeus pedissem desculpa por terem exigido a Pilatos a crucificação de Cristo e o Berlusconi pedisse desculpa pelos leões empregues no Circo Máximo em Roma, entre outros. Ora que raio de ideia esta…Bem sei que em tempo de luto este assunto não deveria ser aflorado, mas como sou sempre franco, aqui ficou a nota.

P.S. – Não queria terminar, sem pela mesma lógica, dizer que não pertencendo ao “grupo”, não deixo de reconhecer a importância que a religião cristã/católica desempenhou para a História de Portugal.


2 comentários:

Anónimo disse...

Grande humberto... excelente reflexão... eu sou crente, no entanto, o que ele fez com os judeus, não me aqueçe nem arrefeçe, se ele fez aquilo, foi de consciencia, e tudo fez em vida para unir povos, o que também, de certa forma é de salutar, unidos mas cada qual no seu espaço claro...

Foi sem duvida uma das personagens mais importantes do sec XX, senão a mais importante... que venha um melhor se possivel...


grande abraço e continue assim!

saudações!

Anónimo disse...

o que é a S.H.I.P. ?