Segundo reza a história terão sido estas as últimas palavras de D. Álvaro Vaz de Almada, conde de Abranches, herói da batalha de Alfarrobeira (1449), no momento supremo em que se perdia para a vida mas franqueava as portas para a fama eterna. Acossado pelos numerosos adversários incitava, assim, a que o ferissem mais profundamente.
Num momento em que nos querem confrontar perante a “escolha” entre os que não foram capazes de nos tirar da crise (PSD/PP), os que nela nos meteram (PS) e os que eventualmente fariam pior se lá estivessem (restantes partidos com pretensões governativas e visibilidade mediática), recordo e evoco as proféticas palavras do conde de Abranches.
Chega-nos a surpreendente (será?) notícia que desde a dissolução do parlamento, em 30 de Novembro de 2004, têm sido nomeados cerca de 57 novos funcionários públicos por dia, assessores deste, chefes de gabinete daquele outro, enfim… a habitual partilha dos despojos (confesso que tomo por fiável a notícia e publicamente admito que não fiz o trabalho de casa confirmando a exacta veracidade dos números no Diário da República, por … razões de sanidade pessoal). Nada de novo, infelizmente a tal os portugueses já se habituaram. Assim foi no crepúsculo do anterior governo PS e seguramente nos antes dele. Enfim, sina da nossa desdita colectiva. Não nos espanta igualmente, que por razões “eleitoraleiras” o PS, qual dama ofendida, venha agora denunciar tal escândalo. O que nos deveria indignar é que tal seja, não obstante a real crise nacional (restrições na administração pública, baixos salários, péssimas reformas, etc.), prática aceite e corrente por todos aqueles que se alimentam das lentilhas servidas lá para os lados de S. Bento.
Trata-se de um acordo (não lhe chamarei de cavalheiros pois duvido que o termo seja adequado) entre os grandes, aceite e estabelecido que, verdadeiramente ninguém seriamente questionou. Acreditem e investiguem se os jobs para boys e girls do PS foram, depois de explorados como escândalos na campanha eleitoral pelo PSD/PP, postos em causa e esperem para ver se as demissões de tão escandalosas nomeações, após uma eventual vitória do PS no próximo dia 20 de Fevereiro, irão ocorrer a igual ritmo. Claro que não! Como bandeira de campanha serão agitados, mas tudo morrerá no momento seguinte.
Assim o determina o sistema! É fartar vilanagem.
Humberto Nuno de Oliveira
Cabeça de lista por Santarém pelo PNR
3 comentários:
Excelente!
Boa sorte nas eleições.O meu voto é garantido.
Eis a realidade nua e crua do Sistema bem explicada.
Mendo Ramires
Pois é.
Quando se fala do peso da função pública no Estado, bem se podia começar a alivià-lo despejando-a deste tipo de agentes parasitários, apenas servem para garantirem, pelo menos, a sua reforma.
Eles são tantos, não a nível central como local, que a sua ausência seria notada no orçamento. O mesmo já não diria em relação a trabalho, aí não se sentiria qualquer alteração significativa
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