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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

VIDEIRINHOS DA POLÍTICA

O jornal “A Capital” do passado dia 30 de Janeiro, registou uma longa, e ao que presumimos animada, conversa que envolveu a deputada comunista Odete Santos e o fadista popular monárquico Nuno da Câmara Pereira, na qual veio à baila a Questão de Olivença.

Todos o sabem e jamais o escondo como tal assunto me preocupa, antes do mais pelo que simboliza de inacção e prostração do Estado Português. Na realidade, um Estado que se demite da sua obrigação moral e constitucional de, por todos os meios ao seu alcance, desenvolver os esforços necessários tendentes à recuperação de um território seu ocupado por uma potência estrangeira, é, lamentavelmente, um Estado fraco e pouco cioso da dignidade que lhe é devida. É, além do mais, um Estado que, seguramente, não definiu com clareza, acerto e objectividade os seus Objectivos Nacionais Permanentes.

Permitir a alienação ou amputação de parte do território Nacional, a não ser da própria responsabilidade dos órgãos do Estado, seria certamente crime de lesa Pátria e punido em conformidade.

Mas voltemos ao assunto inicial. Quem não se recorda de, na campanha eleitoral de 2004 para as Eleições Europeias, ter visto nos tempos de antena do Partido Popular Monárquico o fadista Nuno da Câmara Pereira, com o à vontade que lhe é reconhecido, defendendo com galhardia a resolução da Questão de Olivença, erguendo-a como bandeira eleitoral do seu partido e imprimindo-a na propaganda então distribuída? Louvámos, naturalmente, então o PPM, pois como Questão Nacional, que a todos respeita independentemente de convicções políticas, muito gostaríamos que desde o PCTP/MRPP ao PNR todas as forças políticas afirmassem claramente a sua posição sobre o assunto. Lamentavelmente para a causa, e muito bem para o PNR, oficialmente só o nosso Partido o faz.

Ora, na crónica atrás citada, o popular fadista após a interpelação da deputada comunista “não foi você que há uns tempos andou por aí a defender Olivença?” (tal como todos nos lembramos…) para rematar com um “acha que isso faz algum sentido?”. Pois bem, o nosso afamado fadista qual miúdo traquina, atrapalhado e arrependido por tal ousadia, demarcando-se do por si convictamente afirmado, rematou com um extraordinário: “isso são coisas do meu irmão Gonçalo”. Que constância, que verticalidade…

Acontece que sou muito amigo do referido Gonçalo (com o qual antes de escrever estas linhas, por envolverem um seu irmão, francamente falei) e também amigo do irmão Vasco, por isso não posso deixar em claro esta indesculpável “desculpabilização”. Esta forma falsa de reduzir os tempos oficiais de antena de um partido a “coisa de um irmão” é no mínimo espantoso (é claro que o PPM estaria bem melhor servido com o Gonçalo…). Na realidade, a inconstância, o repentismo a falta de convicções políticas deste, mais do que provável, próximo deputado nas listas do PSD é assombrosa.

Há quem tudo faça para aparecer na vida política e sobretudo para assegurar um lugar de deputado…que grande negócio fez o fadista com o PSD, atente-se no desespero destes para possibilitar tão meteórica ascensão… Mas será que o que agora afirma não será no ano próximo desculpado com o Vasco ou alguma das suas irmãs? Cuidado em quem votam portugueses! De facto, por este triste exemplo podemos aferir como estão bem servidas as listas dos próximos previsíveis deputados enxameadas de videirinhos da política.

Infelizmente, como diz o Povo, não é só no melhor pano que caí a nódoa, às vezes também ocorre nas melhores famílias…

Humberto Nuno de Oliveira

Cabeça de lista por Santarém do PNR

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